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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

UNIARARAS

UNIARARAS- CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO OMETTO

SEMINÁRIO 3.

Semi Seminário apresentado no Curso Normal Superior com o uso de recursos tecnológicos de Educação à Distância do Universitade Centro Universitário Hermínio Ometto ( UNIARARAS )

ESCOLA COMO ESPAÇO INSTITUCIONAL DE APENDIZAGEM

1- UM PERCURSO PELA HISTÓRIA AS DIFERENTES FORMAS DE FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

Além da pré-história

A pré-história constitui u período extremamente longo, em que instrumentos utilizados para a sobrevivência humana se transformam muito lentamente. É bom lembrar que as mudanças não ocorrem de forma igual em todos os tempos e lugares, tanto que ainda há tribos que vivem dessa maneira na África e no interior do Brasil.

Nas comunidades tribais as crianças aprendem imitando os gestos dos adultos nas atividades diárias e nas cerimônias de rituais. As crianças aprendem “para a vida e por meio da vida “, sem que alguém esteja especialmente destinado para a tarefa de ensinar. Os adultos demonstram muita paciência com os enganos infantis e respeitam seu ritmo. Por meio dessa educação a criança toma conhecimento dos mitos dos ancestrais e aperfeiçoa suas habilidades.

Antiguidade oriental: a educação tradicionalista

A invenção da escrita é outro traço comum dessas civilizações, fato que não se dissocia do aparecimento do Estado.

Desde 3.500 a.C os egípcios fazem inscrições em hieróglifos ( escrita sagrada). Essa escrita é no início pictográfico, ou seja, representa figuras e não sons, como a nossa, e só posteriormente adquire característica fonéticas. Composta por 600 sinais o que a torna especialmente difícil, é utilizada pelos escribas além das inscrições nas pedras de túmulos e monumentos.

Escribas no Egito, mandarins na China, magos na Babilônia e brâmanes na Índia exercem suas funções monopolizando a escrita em meio à população analfabeta.

O saber representa uma forma de poder

O alfabeto

A escrita, no entanto, alcança um poder de difusão muito maior no segundo milênio, por volta de 1500 a.C. ( data incerta), quando os fenícios inventaram o alfabeto, ou o aperfeiçoamento, não se sabe bem.

Os 22 sinais não mais representam idéias, figuras, palavras ou sílabas, mas sons que, reunidos, permitem as mais diferentes combinações, tornando bem mais prático o uso e aprendizado e a aprendizagem da escrita.

A princípio o conhecimento da escrita é bastante restrito, devido ao seu caráter sagrado e esotérico. Com o tempo, aumenta o número dos que procuram instrução, embora apenas os filhos dos privilegiados conseguissem os graus superiores.

Educação no Egito

No Egito as escolas funcionam nos templos e em algumas casas, sendo freqüentada por pouco mais de 20 alunos cada uma. Predomina o processo de memorização e é constante o recurso aos castigos. As escolas mais adiantadas formam médicos, engenheiros e arquitetos.

Educação na Babilônia

Os babilônios constroem bibliotecas, tem amplo conhecimento de astrologia e, como os egípcios, não descuidam das aplicações do conhecimento. O aprendizado é longo, minucioso e voltado para a preservação dessa língua.

Educação na Índia

Devido à crença de que todos saíram do corpo de deus Brahma, os brâmanes são considerados mais importantes por terem sido gerados da cabeça de deus.

Os brâmanes são encaminhados por mestres e aprendem os textos sagrados dos Vedas e dos Upanishads, os outros podem receber a educação elementar, mas os sudras e os párias dela se acham excluídos.

Além do bramanismo a educação na Índia foi influenciada pelo budismo, religião fundada por Sidarta Gautama, o Buda.

Educação na Grécia

Situada entre as demais desenvolvidas civilizações da Antiguidade, a Grécia possuía como suporte deste desenvolvimento, um notável acúmulo de saber. Todo este acúmulo teria desaparecido se não fosse transmitido de geração por geração através do processo educacional.

Percebendo o valor social os gregos refletiram sobre o processo educacional, criaram os termos – pedagogia e pedagogo que significa paidos=criança e agogôs=condutos. Pedagogo seria então, a forma de conduzir as crianças através da educação.

Educação na Roma

Durante o processo de evolução da educação romana, da República ao Império, temos dois períodos:

- o primeiro, onde até 7 anos a criança estava confiada aos cuidados da mãe, depois o pai assumia a educação do menino, e as meninas permanecem com a mãe aprendendo apenas funções domésticas.

- no segundo, após a conquista da Grécia elevou-se significativamente o nível educacional de Roma.

Os elementos das classes inferiores não recebiam instrução.

Idade Média

Após a queda do império, escolas romanas continuam funcionando precariamente em algumas cidades. Quase não há documentos que comprovem a existência dessas escolas. Na Idade Média misturam adultos e crianças de diversas idades na mesma classe, sem uma organização maior que os separe em graus de aprendizagem.

O Monarquismo

Criar escolas não é finalidade principal dos mosteiros, mas a atividade pedagógica se torna inevitável à medida que é preciso instruir os novos irmãos. Surgem então as escolas monacais ( nos mosteiros), em que se aprende o latim e as humanidades. Os melhores alunos coroam a aprendizagem com o estudo da filosofia e da teologia.

Renascimento das cidades

As modificações no sistema de educação fazem surgir às escolas seculares. Se, até então educação era privilégio dos elérigos ou, no caso dos leigos, restringia a instrução religiosa, o desenvolvimento do comércio faz reaparecer a necessidade de se aprender a ler, escrever e calcular.

Universidades

A palavra universidade não significa, inicialmente, um estabelecimento de ensino, mas na idade Média designa qualquer assembléia corporativa, seja de marceneiros, curtidores ou sapateiros. No caso que nos interessa aqui, trata-se da “universidade dos mestres e estudantes”. No espírito das corporações, são os resultados da influência da classe burguesa, desejosa de ascensão social.

Por volta do século VII, procura-se a ampliação dos estudos, não só das sete artes liberais, mas de filosofia, teologia, leis e medicina, a fim de atender as solicitações de uma sociedade cada vez mais complexa. Como em qualquer corporação, há a exigência de provas para obter os títulos de bacharel, licenciado e doutor.

A universidade mais antiga que se tem notícia talvez seja a de Saleno, na Itália, onde é oferecido o ensino de medicina, já no século X.

Formação das Mulheres

Na idade média as mulheres não têm acesso à educação formal. Só as meninas nobres recebem aula em seu castelo.

Por ocasião da emancipação das cidades – livres as meninas da burguesia começam a ter acesso à educação quando surgem as escolas seculares.

Renascimento

É impressionante o interesse pela Educação no renascimento, sobretudo se comparado com a da Idade Média, principalmente pela proliferação de colégios e manuais para alunos e professores. Educar torna-se questão de moda e uma exigência, segundo a nova concepção de homem. Será a partir do renascimento que esses cuidados começam a ser tomados. A meta da escola não se restringe à transmissão de conhecimento, mas a formação moral. O regime de estudo é de certo modo rigoroso e extenso.

2. A HISTÓRIA DA ESCOLA FUNDAMENTAL BRASILEIRA

Brasil – Colônia ( 1500-1822 )

Os padres jesuítas fundaram as primeiras escolas no Brasil. A princípio, sua missão, era de catequizar os indígenas. Mas com o decorrer do tempo, afastaram-se destes ideais catequéticos, e abraçaram a tarefa de educar os elementos da classe dominante brasileira.

Império ( 1822-1889)

Em 1827, criou-se o curso secundário do Colégio Pedro II que se tornou um padrão a ser seguido pelas outras escolas e dois cursos de Direito em São Paulo e Olinda. Neste período, a educação permaneceu fechada, ornamental, acadêmica, desvinculada da realidade social, servindo apenas como uma forma de demonstração de status.

República Velha (1889-1930)

Criação do Ministério da instrução Pública, Correios e Telégrafos, cujo primeiro responsável foi Benjamim Constant. Surge o movimento escola nova, com as reformas de ensino efetuadas em diversos estados brasileiros, surgidas a partir de 1920.

República Nova ( 1930-1964)

Criação do Ministério da Educação e Saúde, cujo primeiro responsável foi Francisco Campos e da Lei de Diretrizes e Bases, aprovada em 20 de dezembro de 1961.

Regime Militar ( 1964-1985)

A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1971 garante educação gratuita e obrigatória por oito anos.

A Constituição de 1988 e a Nova LDB/1996

A Constituição de 1988 trouxe importantes vitórias para a educação, como a extensão de obrigatoriedade da escolarização e do pouco a pouco, se alcançar à gratuidade no ensino médio. Em 1996 foi aprovada uma terceira LDB. No final da década de 90, o país já oferecia vagas no ensino fundamental para todas as crianças e adolescentes.

3. O PAPEL DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS

Hoje vivemos outro tempo, bem mais complexo, diverso e inquietante do que há algumas décadas. A escola enfrenta, além do desafio frente ao domínio do conhecimento, em permanente e veloz mudança, também o desafio da relação com seus alunos, sejam eles crianças pequenas ou jovens. As questões disciplinares despontam como um problema para um número relevante de instituições de ensino. Sem dúvida esse contexto é perpassado por questões de diferentes naturezas entre as quais encontramos os dilemas do desenho curricular e serem propostos na contemporaneidade, os impasses em vista da escola dos encaminhamentos metodológicos mais adequados às relações de ensino, os limites são de possibilidades da manutenção de uma relação professor aluno com qualidade e também, sem qualquer dúvida, reencontramos a família, considerada peça chave nesse momento de crise. A escola não deu conta da tarefa de formar a juventude e hoje compõe o coro, engrossado por outros agentes sociais, que clama pela recuperação da autoridade do meio familiar, sem a qual se intui, mais ainda, afirma-se que nada poderá ser feito. Culpa-se hoje a família pelas mazelas impostas pela violência, pela indisciplina e pelo sentimento de desrespeito que rondas jovens e crianças, considerando-a demissionária do papel de gerar e gerir os valores indispensáveis à construção da vida social. Chamar a família às suas responsabilidades morais e formadoras não exclui, no entanto, pensar com rigorosidade no papel a ser desempenhado pela escola. Uma vez que questões de diferentes natureza e procedência sejam elas individuais, comunitárias ou sociais mais amplas, ultrapassam os portões e adentram no espaço da escola, tornam-se irreversivelmente questões pedagógicas educacionais, apesar da dificuldade dos educadores em aceitá-la.

4. DE CRIANÇA A ALUNO: UM PERCURSO A SER ESTUDADO

O conhecimento acumulado sobre o desenvolvimento infantil levou à necessidade de se rever profundamente os critérios e referencias que orientam o processo educativo da criança, em casa, na comunidade, na creche e na escola. As possibilidades reais de aprendizagem e desenvolvimento da criança são, de fato, muito maiores do que se acreditava anteriormente. E ficou mais claro, também, que o exercício de todas as formas de ação da criança no meio é fundamental para seu desenvolvimento, desde o seu nascimento.

A adequação do planejamento das ações educativas que o educador apresentará à criança deve estar sempre de acordo com as possibilidades por ela manifestadas. A cada momento, necessidades específicas dos sujeitos envolvidos e particularidades no atendimento a essas necessidades devem ser observadas.

A qualidade do trabalho que pode vir a ser encaminhado nesse segmento de ensino estará sujeita à qualificação do educador que a ele se dedique, o que inclui a sua leitura atenta sobre o seu espaço de atuação profissional, bem como seu investimento no estudo e na busca de fundamentação teórica sobre a infância, o cuidado, o ensino e a aprendizagem.

5. A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO AUTOCONCEITO E DA AUTO-ESTIMA DE SEUS ALUNOS

Autoconceito e auto-estima não são sinônimas, mas estão associados. A auto-estima seria uma manifestação afetiva. Representa uma avaliação de quem a pessoa é já o autoconceito é formado pelos sentimentos, idéias e análises que cada pessoa tem de si mesma. A construção dessa estrutura é feita a partir da opinião que temos de nos mesmos - e também da opinião emitida pelos outros. A influência exercida por cada pessoa sobre nós varia muito. Nos primeiros anos, ela é influência pelos pais e familiares, com o crescimento aparecem os professores, os colegas e os amigos. O mundo escolar, também, é de grande importância, pois a criança passa uma grande parte de seu tempo na escola com os professores e os colegas. Sua aceitação ou rejeição ou os valores que lhes são atribuídos incidem sobre a formação da sua auto-avaliação

6. ESTIGMATIZAÇÃO: A PROFECTA ( AUTO—REALIZADORA) QUE SE INSTALA NAS SALAS DE AULA: CAUSAS DO FRACASSO ESCOLAR

O fracasso escolar é hoje um grande problema para o sistema educacional. Muitas vezes, para se livrar da responsabilidade deste fracasso, busca-se um culpado; alguém que possa assumir sozinho esta situação. Este artigo vem questionar esta atitude e propõe discutir o fracasso escolar a partir de outras variáveis que também influenciam no processo de aprendizagem.

7. UMA PESQUISA SOBRE OS ÍNDICES DE FRACASSOS ( EVASÃO E REPETÊNCIA ) NA DÉCADA DE 90 E SUA EVOLUÇÃO E CONSEGÜÊNCIA

Educação no Brasil

O analfabetismo entre a população de mais de 15 anos cai de 20,1% em 1991. Para 17,2% em 1994, segundo o IBGE. Também a escolaridade entre as crianças de 7 a 14 anos melhora, passando de 91,6% ara 92%. Apesar dos índices positivos, o Brasil ainda tem cerca de 3,5 milhões de crianças fora das salas de aula. A repetência e a evasão ( abandono definitivo da escola) continuam crônicas no 1º grau. Tudo isso é gravado pela falta de recurso das escolas, a formação inadequada de parte dos professores e a situação econômica dos alunos, muitas vezes obrigados a trabalhar para ajudar a sustentar a família.

Evasão e Repetência

Em 1994, a taxa média de repetência em todo o ensino fundamental (1ª a 4ª série do 1º grau ) chega a 33% e a de evasão a 5,2% No ensino médio a repetência a 32% e a evasão a 5,6 %. No Nordeste a situação é pior. Além de ter 37% do total de analfabetos, é responsável por 38,5% dos casos de evasão e repetência em todo o país. Para diminuir esses índices, alguns governos estaduais criaram projetos envolvendo os pais das crianças.

Evasão e Repetência Em Queda

Apesar de a distorção idade/série continuar elevada – 46,6% dos estudantes poderiam estar mais adiantados – o Brasil está melhorando seu desempenho no ensino fundamental. A taxa de promoção, que mede a quantidade de alunos que passou de ano, aumentou de 64,5%, em 1995, para 72,7%, em 1997. No mesmo período, a repetência caiu de 30,2% para 23,4% dos alunos e a taxa de abandono da escola baixou de 5,3% para 3,9%.

Educação e Desenvolvimento

Na visão de conservadores, somente com o desenvolvimento do País avançará a educação do povo. Esta concepção, hegemônica no Brasil durante décadas, é a grande responsável pelo nosso dramático atraso educacional.

A educação é a base do desenvolvimento sustentado do País e da distribuição mais justa da riqueza por toda a sociedade. Miséria e baixa escolaridade sempre andaram juntas. Não existe política eficaz de combate à pobreza se não estiver associada a um grande esforço pela universalização da educação de boa quantidade.

É uma tarefa de todos, poderes público nos três níveis, setor privado, organizações não – governamentais entidades da sociedade e comunidade. Com todas as crianças e os jovens na escola, aprendendo e progredindo, o Brasil estará trilhando o verdadeiro caminho para combater a pobreza e construir uma sociedade mais justa e solidária.

8. ACONSTIRUIÇÃO DA IDENTIDADE E A DIVERSIDADE: UMA ESCOLA PARA TODOS

A Diversidade Humana na Escola

A formação das identidades depende dos processos de socialização e de ensino e aprendizagem que ocorrem de acordo com as características físicas, cognitivas, afetivas, sexuais, culturais e étnicas dos envolvimentos nos processos educativos.

A escola é um espaço público para a convivência fora da vida privada, íntima, familiar. Ao nos capacitarmos para a convivência participativa na escola, participamos de um processo de aprendizagem que também nos ensina como participar do restante da vida social.

Para tanto, todos devem ter o direito de falar, opinar e participar nos processos decisórios. É participando que se aprende a participar. Uma escola “perfeita” na qual ninguém precisa dar nenhuma opinião é um desastre educativo.

Uma Escola de Qualidade Para Todos os Alunos

A sala de aula é o grande termômetro pelo qual se mede o grau de febre das mudanças educacionais e é nesse micro espaço que as reformas verdadeiramente se efetivam ou fracassam.

Recriar o Modelo Educativo

Superar o sistema tradicional de ensinar e de aprender é um propósito que temos de efetivar urgentemente, nas salas de aula. Recriar o modelo tem a ver com o que entendemos como qualidade de ensino. Há tempos que qualidade de ensino significa alunos com cabeças cheias de datas, fórmulas, conceitos, todos justapostos, lincares, fragmentados, enfim, o reinado das disciplinas estáticas e com muito, muito conteúdo.

Ensinar a Turma Toda Sem Exclusões

A proposta de se ensinar a todos, independentemente das diferenças de cada um dos alunos, implica a passagem de um ensino transmissivo para uma pedagogia ativa, dialógica, interativa, conexional, que se contrapõe a toda e qualquer visão individualizada, hierárquica do saber.

O professor que ensina a turma toda compartilha com seus alunos a autoria dos conhecimentos produzidos em uma aula; trata-se de um profissional que reúne humildade com empenho e competência para ensinar, pois o falar e o ditar não são mais os seus recursos didático – pedagógicos básicos. O ensino expositivo não cabe nas salas de aula em que todos interagem e participam ativamente da construção de idéias, conceitos, sentimentos, valores.

O maior desafio dos educadores é reunir alunos de diferentes níveis, diante de uma situação de ensino, em grupos desiguais, pois assim é que se passa na vida e é assim que a escola deve ensinar e ter sucesso na vida.

9. RECURS OS PARA MANTER A ESCOLA PÚBLICA: GESTÃO FINANCEIRA COMPARTILHADA.

O Aprendizado que advém da participação de todos na administração do processo educativo, possibilita a cada um dos sujeitos, individualmente e a todos, coletivamente, o crescimento da pessoa humana em todos os seus aspectos: dignidade, atuação, critícidade, capacidade de decisão e ação, devendo ser respeitada a individualidade e sociabilidade.

Para a comunidade, participar da gestão de uma escola significa todo um aprendizado político no sentido de opinar, fiscalizar e cumprir decisões. Significa também mudar sua visão de direção de escola, passando a não esperar decisões prontas para serem seguidas. Paralelo a isso de desenvolver a concepção de que a escola não é mecanismo governamental externo e alheio, e sim, como um órgão público que deve ser cuidado e dirigido pela comunidade e seus usuários. Uma das características apontadas pela comunidade refere-se à questão da liderança que deve ter o diretor da escola, como elemento fundamental na elaboração do processo participativo dentro da escola e junto à comunidade.

Outro elemento apontado é o conhecimento crítico da realidade comunitária onde estão inseridos, como elementos que lhe dá condições de adotar práticas ao processo de democratização. Além disso, são imprescindíveis por parte da direção a coerência entre o discurso e a prática, as relações interpessoais e a competência técnica no desenvolvimento das práticas participativas.

Pelo contato que se teve com pais de alunos e representantes da comunidade local, observou-se que um dos aspectos fundamentais de uma boa escola é a que toma a comunidade como sujeito histórico, político e social. O processo participativo dessa construção é uma aprendizagem contínua para todos os envolvidos.

10. GESTÃO PARTICIPATIVA: A PARTICIPAÇÃO DA APM – ASSOCIAÇÃO DE PAIS E MESTRES

APM

Associação de Pais e Mestres, e similares, - pessoa jurídica de direito privado, é um órgão de representação dos pais e profissionais do estabelecimento, não tendo caráter político partidário, religioso, racial e nem fins lucrativos.

OBJETIVOS:

A-) Integrar a comunidade no contexto escolar;

B-) Representar os reais interesses da comunidade e dos pais de alunos junto à Direção do estabelecimento de ensino, contribuindo com sugestões para adoção de medidas que se julgarem necessárias;

C-) Colaborar para o sucesso de ações previstas no Projeto Pedagógico do estabelecimento de ensino voltadas para a assistência ao educando, ao aprimoramento do ensino;

D-) Discutir, colaborar e decidir sobre as ações para a assistência ao educando;

E-) Promover o entrosamento entre os pais, alunos professores e membros da comunidade;

F-) Contribuir para a melhoria e conservação do aparelhamento ddo estabelecimento escolar;

G-) Promover palestras, conferências e círculos de estudos envolvendo pais e professores.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

RESUMO

A Psicopedagogia nasceu de uma necessidade: contribuir na busca de soluções para a difícil questão do problema de aprendizagem. Enquanto prática clínica, tem-se transformado em campo de estudos para investigadores interessados no processo de construção do conhecimento e nas dificuldades que se apresentam nessa construção. Como prática preventiva, busca construir uma relação saudável com o conhecimento, de modo a facilitar a sua construção. No momento, a validade da Psicopedagogia, como um corpo teórico organizado, não lhe assegura a qualidade de saber científico, devendo-se fazer realmente ainda muito no sentido de ela sair da esfera da empírica e poder vir a estruturar-se como tal. O termo psicopedagogia distingue-se em três conotações: como uma prática, como um campo de investigação do ato de aprender e como (pretende-se) um saber científico. Esse termo, por vezes, na literatura, é tratado como sinônimo de outros. De acordo com Maria Regina Maluf (1991), "a literatura atual permite que sejam tratados como equivalentes as denominações Psicologia Educacional, Psicologia Escolar e Psicopedagogia". Segundo essa autora, os objetos de estudo não apresentam diferenças que justifiquem serem tratados como áreas discretas, pois "há entre elas uma unidade, embora não propriamente a mesma identidade" (1991, p. 4). Afirma também M. R. Maluf que, do ponto de vista da atuação profissional, o psicólogo educacional, o psicólogo escolar e o psicopedagogo desempenham papéis semelhantes (cf. Maluf, 1991).É possível observar, que nem sempre a formação, como ocorre no Brasil, prepara o aluno para uma prática consistente, a qual requer grande conhecimento teórico e compromisso social, implícito na tarefa a que o psicopedagogo se propõe. Tal prática se baseia em conhecimentos de diversas áreas: Psicologia da Aprendizagem, Psicologia Genética, Teorias da Personalidade, Pedagogia, fundamentos de Biologia, fundamentos de Lingüística, fundamentos de Sociologia, fundamentos de Filosofia, fundamentos de Atendimento Psicopedagógico. Conhecimentos específicos dessas áreas, articulados, alicerçam a prática psicopedagógica.O compromisso do psicopedagogo é com a transformação da nossa realidade escolar, e só através do exercício reflexivo superaremos os obstáculos que se nos impõem

1. INTRODUÇÃO

O problema trabalhado nesta monografia é o que leva o aluno ao fracasso escolar e Quais são os causadores do fracasso escolar? A pesquisa bibliográfica é a metodologia usada nesta monografia.Tendo como objetivo Analisar os conhecimentos teóricos objetivando entender alguns elementos sobre o funcionamento comportamental e cognitivo da pessoa humana na fase de seu desenvolvimento, afim de melhor compreende – lá., tem ainda como objetivo compreender as diferentes situações do fracasso escolar. Através de aspectos físicos, químicos e psicológicos que levam a alteração de comportamento e por fim Analisar os fatores que influenciam no fracasso escolar.

Na atualidade, várias pesquisas têm sido realizadas na busca de compreender o fracasso escolar na alfabetização tendo em vista os problemas que a leitura e a escrita apresentam à educação (PATTO, 1996; MICOTTI, 1987; SCOZ, 1994). Essas pesquisas indicam a existência de problemas no processo de ensino-aprendizagem da linguagem na primeira série, isto é, problemas relativos à alfabetização, pois é na primeira série que normalmente ocorre à alfabetização.

O educando chega à escola com um grande número de experiências, de aprendizagens que são ignoradas pelo professor, pois mesmo antes de ingressar na escola a criança já possui inúmeras vivências que deveriam servir como ponto de partida das atividades do professor.A criança, mesmo não reconhecendo os símbolos do alfabeto, já "lê" o seu meio, estabelecendo relações entre significante e significado. A escola deve dar continuidade a esse processo defendendo a livre expressão da criança, pois com isso o educando enfrentará com mais tranqüilidade a grande aventura do primeiro ano escolar: aprender a ler e escrever.

Nesse sentido, é necessário que os educadores tenham conhecimentos que lhes possibilitem compreender sua prática e os meios necessários para promoverem o progresso e o sucesso dos alunos. Uma das maneiras de se chegar a isso é através das contribuições que a Psicopedagogia proporciona, pois é a área que estuda e lida com o processo da aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Sua nova visão vem sendo apresentada pela Psicopedagogia e vem ganhando espaço nos meios educacionais brasileiros, despertando o interesse dos profissionais que atuam nas escolas e buscam subsídios para sua prática.

O interesse em pesquisar a forma como a intervenção psicopedagógica pode contribuir para a prevenção do fracasso escolar na alfabetização é devido à desatenção que tem sofrido o ensino da leitura e da escrita, e o baixo rendimento escolar, nas primeiras séries do Ensino Fundamental; e como também, devido à importância do trabalho psicopedagógica preventivo que se baseia principalmente na observação e análise profunda de uma situação concreta, no sentido de detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem promovendo orientações didático-metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos.

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Tendo como princípio a atuação ímpar do professor na formação do cidadão freqüentador de uma unidade de aprendizagem: a escola, a questão da aprendizagem pode passar pela questão de entender a relação professor-aluno e a representação que o primeiro tem em relação ao segundo. Este estudo procura contribuir com reflexões para que seja possível uma revisão e reciclagem de práticas e metodologias que indique um caminho inverso ao universo da mídia: a afetividade e a atuação de um jovem criativo, executor de obras sociais. O intuito principal é auxiliar este jovem a canalizar energias para sua autonomia e construção de uma identidade cidadã saudável.

Tomando como base que a Psicopedagogia tem como objeto de estudo o aprender, preocupando-se no seu surgimento com as questões relacionadas aos déficits de aprendizagem, torna-se um suporte rico de contribuição neste trabalho. A preocupação principal da Psicopedagogia é o aprendizado do ser humano, integrando o cognitivo e o afetivo para realizar o processo como um todo.Para fazer uma junção do nome propriamente dito, teremos: “Pedagogia” que se preocupa mais com o conhecimento cognitivo e intelectual; e a “Psicologia” que está voltada para a busca do bem estar do indivíduo. Então temos a psicopedagogiaque relaciona a capacidade do aluno de se sentir competente no seu aprendizado, relacionando-o com prazer.

A Psicopedagogia dos conteúdos na sala de aula revoluciona a inter-relação professor-aluno. Se de um lado o aluno é visto de um modo integrativo e participa da construção do conhecimento, de outro é indispensável uma transformação na postura do professor. É importante que o educador tenha os cuidados necessários para permitir que a autonomia do educando avance sem que ele, educador, se sinta ameaçado e não exija mais que o aluno pode dar. Ao facilitar e organizar o processo produtivo de aprendizagem o educador deve assegurar a todos a prática e vivência, a possibilidade de observar e construir o conhecimento.

O trabalho psicopedagógico atua não só no interior do aluno ao sensibilizar para construção do conhecimento, levando em consideração os desejos do aluno, mas requer também uma transformação interna do professor. Para que o professor se torne um elemento facilitador que leve o educando ao desenvolvimento da autopercepção, percepção do mundo e do outro, integrando as três dimensões, deve estar aberto e atento para lidar com questões referentes ao respeito mútuo, relações de poder, limites e autoridade. Quando se fala da profissão professor, não se pode deixar de enfatizar a “Influência do Professor e do ambiente escolar” na vivência dos alunos.A seriedade profissional do professor se manifesta quando compreende o seu papel de instrumentalizar dos alunos para a conquista dos conhecimentos e sua aplicação na vida prática; incute-lhes a importância do estudo na superação das suas condições de vida; mostra-lhes a importância do conhecimento das lutas dos trabalhadores, orienta-os positivamente para as tarefas da vida adulta. Tais propósitos devem ser concretizados na prática, através de aulas planejadas nas quais se evidenciem a segurança nos conteúdos e nos métodos de ensino; a constância e firmeza no cumprimento das exigências escolares pelos alunos; o respeito no relacionamento com os alunos.

O paradigma de que o professor ao mesmo tempo em que não deve contemporizar com a negligência e com o descumprimento dos deveres, deve estar atento para o bem relacionamento humano com os alunos. O respeito se manifesta, pois, no senso de justiça, no verdadeiro interesse pelo crescimento do aluno, no uso de uma linguagem compreensível, no apoio às suas dificuldades, nas atitudes firmes e serenas.

O ambiente escolar pode exercer, também um efeito estimulador para o estudo ativo dos alunos. Os professores precisam procurar unir-se a direção da escola e aos pais para tornar a escola um lugar agradável e acolhedor.

Uma das poucas alegrias da vida numa época de ansiedade é o fato de sermos forçados a tomar consciência de nós mesmos. Quando a sociedade contemporânea, nesta fase de reversão de padrões e valores, não consegue dar-nos uma nítida visão “do que somos e do que devemos ser”, vemos lançados à busca de nós mesmos. A dolorosa insegurança que nos rodeia torna-se um incentivo a indagar: será que nos passou despercebido algum manancial de força e orientação?De modo geral prefere-se indagar: como é possível alcançar a integração interior numa sociedade tão desintegrada? Ou então: como empreender a longa evolução para a auto-realização numa época em que quase nada é certo, nem no presente, nem no futuro?

Gente muito preocupada tem ponderado tais questões. O psicoterapeuta não possui respostas mágicas. A nova luz que a psicologia profunda lança sobre os motivos ocultos dos nossos pensamentos, sentimentos e ações será de grande ajuda, sem dúvida alguma, na busca do próprio eu. Mas existe algo além dos conhecimentos técnicos e compreensão pessoal que anima o sujeito a aventurar-se até onde os anjos temem pisar e apresentar suas idéias e experiências sobre as difíceis questões da vida.

Observando a história da humanidade, podem perceber que hoje, mais do que nunca, o processo de desenvolvimento está centrado na aquisição do conhecimento e marcado por grandes transformações. Atualmente a humanidade vivencia grandes avanços tecnológicos que possibilitam a ocorrência acelerada de novas pesquisas e descobertas. Para acompanhar esse processo de mudanças a aquisição do conhecimento torna-se imprescindível.

Além disso, viver a era da integração em todos os setores do planeta, que se expressa de maneira mais ampla, pelo fenômeno da globalização. Percebemos que em todos os níveis e nas diferentes áreas de atuação existe um grande anseio, uma busca constante pela integração. Esse movimento é pouco explicitado, mas percebe-se que está presente em estado latente na maioria de nós.

A descoberta de nosso potencial permite não só o reconhecimento de nossa capacidade de autoria, mas também cria condições para a abertura de espaços onde outros se reconheçam autores. Para isso não há mágica. Com certeza a origem dessas mudanças passa pela educação. Recentemente, várias mudanças curriculares têm sido realizadas propondo educar o indivíduo para torná-lo cidadão. Tais medidas significam um avanço. Entretanto, essas medidas só serão bem sucedidas se forem acompanhadas de um trabalho com os indivíduos aprendentes que habitam em cada ensinante. Ou seja, com os educadores responsáveis pelas linhas de frente da educação.

Neste sentido a escola deve ser um espaço de promoção da articulação da realidade interna e externa do aprendiz, tornando a educação e a formação como um trabalho de duas questões indissociáveis. Uma das tarefas da escola é desenvolver a habilidade de negociação e a convivência pacífica, como algo imprescindível em um mundo globalizado. A escola deve trabalhar o autoconhecimento como possibilidade de abertura para o desenvolvimento da autonomia e da capacidade de julgamento.

A tônica desses princípios é o compromisso com a cidadania exigindo, para isso, educadores críticos da realidade e uma escola que não seja apenas reprodutora das relações de trabalho, mas que possibilite o desenvolvimento do autoconhecimento dos educadores, a fim de que construam relações de autonomia. Esses princípios enfatizam em igual medida as áreas convencionais no que se refere ao domínio das disciplinas; a dimensão social, no que se refere aos valores e atitudes; a dimensão pessoal, no que se refere aos afetos, sentimentos e preferências dos indivíduos.

A concretização desses princípios exige um investimento de possibilidades de aprender a aprender de alunos e educadores. Para isso, a escola necessita de um espaço onde os educadores possam recriar a si mesmos como aprendentes, sentindo-se autores de seus próprios pensamentos e, conseqüentemente, capazes de ensinar e aprender.

Esses fatos, aliados ao contexto global explicam a importância crescente da psicopedagogia, que na sua concepção atual, já nasce com uma perspectiva globalizadora condizente com os rumos da aprendizagem na atualidade. Ela ocupa um lugar privilegiado porque justamente não está em um único lugar, sua força está justamente localizada no poder transitar pelas fendas, pelos espaços entre objetividade/subjetividade – ensinante/aprendente.

De acordo com CIAMPA (1998), num primeiro momento somos levados a ver a identidade como um traço estatístico que define o ser. Como algo que aparece isoladamente, imutável, estático.A partir dessas considerações, penso que a Construção da Identidade é uma Questão de Aprendizagem. Precisamos sempre nos perguntar quem queremos ser a partir da possibilidade de aprender. Quando perguntamos quem queremos ser, essa pergunta sem uma resposta prévia, pode nos assustar. Entretanto, como futuros profissionais psicopedagogos, não podemos nos esquecer que a força da Psicopedagogia é justamente poder perguntar sobre seu próprio objeto, porque a Psicopedagogia trata do aprender e aprender implica perguntar e perguntar-se.

Parece então necessário e saudável que a Psicopedagogia como outra área de conhecimento ligada com a subjetividade do “Ser – Humano” esteja sempre aberta para perguntar sobre sua identidade, considerando os conhecimentos adquiridos, o presente e o futuro, enfim, o desejo de se transformar, de continuar crescendo.

2.1. EMBASAMENTO DO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO

O termo psicopedagogia apresenta-se, hoje, com uma característica especial. Quanto mais tentamos elucidá-lo, menos claro ele nos parece. Como diz Lino Macedo (1992), "o termo já foi inventado e assinala de forma simples e direta uma das mais profundas e importantes razões da produção de um conhecimento científico: o de ser meio, o de ser instrumento, para um outro, tanto em uma perspectiva teórica ou aplicada". Neste sentido, enquanto produção de conhecimento científico, a Psicopedagogia, que nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem, não basta como aplicação da Psicologia à Pedagogia. Macedo lembra-nos, ainda, que no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, é definido como "aplicação da psicologia experimental à pedagogia"(1992,p. VII).Para Maria M. Neves, a psicopedagogia inicialmente foi utilizada como adjetivo, indicando uma forma de atuação que apontava a inevitável interseção dos campos do conhecimento da Psicologia e Pedagogia. Posteriormente a Psicopedagogia assumiu uma conotação substantiva, o que por um lado correspondeu a uma aplicação conceitual e, por outro, causou um lamentável estado de confusão, devido à utilização de toda uma polissemia aplicada a um só termo.

Para Kiguel, "historicamente a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a Pedagogia e Psicologia, a partir das necessidades de atendimentos de crianças com ‘distúrbios de aprendizagem’, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional" (1991, p. 22). " Os fatores etiológicos utilizados para explicar índices alarmantes do fracasso escolar envolviam quase que exclusivamente fatores individuais como desnutrição, problemas neurológicos, psicológicos, etc. "No Brasil, particularmente durante a década de 70, foi amplamente difundido o rótulo de Disfunção Cerebral Mínima para as crianças que apresentavam, como sintoma proeminente, distúrbios na escolaridade.Se a (in)definição do termo psicopedagogia produz um estado de confusão conforme afirma Neves, vejamos qual é a definição do objeto de estudo da Psicopedagogia segundo alguns psicopedagogos brasileiros.

Para Kiguel, "o objeto central de estudo da Psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência de meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento" (1991, p. 24). De acordo com Neves, "a psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos" (1991, p. 12).

Segundo Scoz, "a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, e numa ação profissional deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os"(1992,p.2) Para Golbert: (...) o objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois enfoques: preventivo e terapêutico. O enfoque preventivo considera o objeto de estudo da Psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento enquanto educável. O enfoque terapêutico considera o objeto de estudo da psicopedagogia a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem (1985, p. 13).

Para Rubinstein, "num primeiro momento a psicopedagogia esteve voltada para a busca e o desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem aos portadores de dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a remediação e desta forma promover o desaparecimento do sintoma". E ainda, "a partir do momento em que o foco de atenção passa a ser a compreensão do processo de aprendizagem e a relação que o aprendiz estabelece com a mesma, o objeto da psicopedagogia passa a ser mais abrangente: a metodologia é apenas um aspecto no processo terapêutico, e o principal objetivo é a investigação de etiologia da dificuldade de aprendizagem, bem como a compreensão do processamento da aprendizagem considerando todas as variáveis que intervêm nesse processo" 91992, P. 103)

Do ponto de vista de Weiss, "a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores" (1991, P. 6).Essas considerações sugerem há um certo consenso quanto ao fato de que ela deve ocupar-se em estudar a aprendizagem humana, porém é uma ilusão pensar que tal consenso nos conduza, a todos, a um único caminho. A concepção de aprendizagem é resultado de uma visão de homem, e é em razão desta que acontece a práxis psicopedagógica.Dos profissionais brasileiros supracitados, pudemos verificar que o tema aprendizagem ocupa-os e preocupa-os, sendo os problemas desse processo ( de aprendizagem) a causa e a razão da Psicopedagogia. Podemos observar esse pensamento traduzido nas palavras de profissionais argentinos como Alicia Fernandez, Sara Paín, Jorge Visca, Marina Müller, etc., que atuam na área e estão envolvidos no trabalho teórico. Para eles, "a aprendizagem com seus problemas" constitui-se no pilar-base da Psicopedagogia.

Segundo Jorge Visca, a Psicopedagogia, que inicialmente foi uma ação subsidiária da Medicina e da Psicologia, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo – o processo de aprendizagem – e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios.Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio.

Ao psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito, como este se transforma em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de conhecimento de que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e aprende. É preciso, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e o que é aprender; como interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas estruturais que intervêm no surgimento dos transtornos de aprendizagem e no processo escolar.No trabalho clínico, conceber o sujeito que aprende como um sujeito epistêmico-epistemofílico implica procedimentos diagnósticos e terapêuticos que considerem tal concepção. Para isso, é necessária uma leitura clínica na qual, através da escuta psicopedagógica, se possa decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção.

De acordo com Alicia Fernández, necessitamos incorporar conhecimentos sobre o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo, estando estes quatro níveis basicamente implicados no aprender. Considerando-se o problema de aprendizagem na interseção desses níveis, as teorias que ocupam da inteligência, do inconsciente, do corpo, separadamente, não conseguem resolvê-lo.Conhecer os fundamentos da Psicopedagogia implica refletir sobre as suas origens teóricas, ou seja, revisar velhos impasses conceptuais que subjazem na ação e na atuação da Pedagogia e da Psicologia no apreender do fenômeno educativo.

Do seu parentesco com a Pedagogia, a Psicopedagogia traz as indefinições e contradições de uma ciência cujos limites são os da própria vida humana. Envolve simultaneamente, a meu juízo, o social e o individual em processos tanto transformadores quanto reprodutores. Da Psicologia, a Psicopedagogia herda o velho problema do paralelismo psicofísico, um dualismo que ora privilegia o físico (observável), ora o psíquico (a consciência).

Essas duas áreas não são suficientes para apreender o objeto de estudo da Psicopedagogia – o processo de aprendizagem e suas variáveis – e nortear a sua prática. Dessa forma, recorre-se a outras áreas, como a Filosofia, a Neurologia, a Sociologia, a Lingüística e a Psicanálise, no sentido de alcançar compreensão desse processo. Para Sara Paín, "nesse lugar do processo de aprendizagem coincidem um momento histórico, um organismo, uma etapa genética da inteligência e um sujeito associado a tantas outras estruturas teóricas, de cuja engrenagem se ocupa e preocupa a Epistemologia; referimo-nos principalmente ao materialismo histórico, à teoria piagetiana da inteligência e à teoria psicanalítica de Freud, enquanto instauram a ideologia, a operatividade e o inconsciente" (1987, p. 15).

Os autores brasileiros Neves, Kiguel, Scoz, Golbert, Rubinstein, Weiss, Barone e outros, assim como os argentinos Fernández, Paín, Visca, Müller, são unânimes quanto à necessidade de conhecimentos de diversas áreas que, articulados, devem fundamentar a constituição de uma teoria psicopedagógica. Ora, nenhuma dessas áreas surgiu especificamente para responder à problemática da aprendizagem humana. Elas, no entanto, nos fornecem meios para refletir cientificamente e operar no campo psicopedagógico, o nosso campo.

Entretanto, não só à Psicanálise recorre o psicopedagogo. Ele busca conhecimentos também na Psicologia Genética, na Psicologia Social, na Psicolingüística, etc. Sabemos igualmente que nenhuma dessas áreas surge para responder aos problemas de aprendizagem: as diversas combinações entre elas resultam, entretanto, em posturas teórico-práticas diversificadas, porém com diversos pontos de convergência. Assim a partir de pressupostos teóricos iniciais da Medicina, da Psicologia e da Pedagogia, foram-se constituindo concepções acerca dos problemas de aprendizagem, as quais transformaram-se e, consequentemente, transformaram a prática psicopedagógica, até esta chegar à configuração atual. De qualquer modo, a Psicopedagogia se encontra em fase embrionária e seu corpo teórico acha-se em construção, amalgamando-se ou estruturando o seu arcabouço lógico-principal ou ideal. A cada dia surgem novas idéias, novas situações e mais transformação: o psicopedagogo então transforma a teoria e, por seu turno, a teoria o transforma. Tratando do mundo psíquico individual e grupal em relação à aprendizagem e aos sistemas e processos educativos, o psicopedagogo ensina como aprender e, para isso, necessita apreender o aprender e a aprendizagem. Para o psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ação diferentes sistemas que intervêm em todo sujeito: a rede de relações e códigos culturais e de linguagem que, desde antes do nascimento, têm lugar em cada ser humano à medida que ele se incorpora à sociedade.

Atualmente, a Psicopedagogia refere-se a um saber e a um saber-fazer, às condições subjetivas e relacionais – em especial familiares e escolares – às inibições, atrasos e desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado. O conhecimento psicopedagógico não se cristaliza numa delimitação fixa, nem nos déficits e alterações subjetivas do aprender, mas avalia a possibilidade do sujeito, a disponibilidade afetiva de saber e de fazer, reconhecendo que o saber é próprio do sujeito.Na transição de produção feudal para o capitalismo surge um novo estilo de homem, um homem livre, assalariado e especializado em uma produção, ficamos cada vez mais cartesiano, fragmentado, especifico em sua área de atuação. Perdendo assim uma visão do todo. O mercado controla esse mesmo homem e o poder especializado ocupado pelos “mal nascidos” que, antes produtores independentes, passam a ser sujeitos dentro de uma divisão social entre os capitalistas e os proletariados. Toda essa mudança ocorrida nas relações de produção visou libertar o homem do jugo do feudalismo e torná-lo livre para vender sua força de trabalho. Essa transformação, o advento da mais-valia, a transformação do trabalho em mercadoria, tem decorrências profundas na sociedade humana e, também, no comportamento humano, que, obviamente estiveram dialeticamente relacionada.

A mão de obra especificada, com novos horários e ritmos de trabalho e novas condições e maneiras de produção não privilegiava a visão de estudo, escolarização mas apenas aprender a sua habilidade específica. Assim, a escola aos poucos vai adquirindo significados diferentes para diferentes classes sociais a partir dos lugares que ocupavam em seus trabalhos, criando também uma idéia a respeito das diferenças de rendimento escolar entre alunos surgindo às desigualdades e diferenças dentro da mesma escola entre os sujeitos. Patto (1990) faz a seguinte afirmação: “E o fato de os novos homens bem-sucedidos o serem aparentemente por habilidades e mérito pessoal – já que não o eram por privilégios adquiridos do nascimento – confirmava uma visão de mundo na qual o sucesso dependia fundamentalmente do indivíduo”.

Patto postula que a ciência nunca foi neutra e sempre esteve presente para manter uma idéia que as pessoas acreditavam nas verdades ditas. O questionamento surgia quando havia suposição de que aquela verdade não existia, assim como a concepção de leitura da escola era desde o início uma verdade acreditada. A instituição e a história cultural são diferenças formadas por questões acreditadas. A ciência e a ideologia se confundem pois fazem a leitura quanto opção ideológica e quanto à escolha psicológica, pode ser implícita ou explicitamente mas em qualquer posição vai haver uma leitura dialética ou positivista. Como no início da discussão da escola nova é de ser universal e para todos, a promessa não se cumpre.

O conceito de problemas ou atrasos na aprendizagem é muito amplo e seu significado abrangeria qualquer dificuldade observável enfrentada pelo aluno para acompanhar o ritmo de aprendizagem de seus colegas da mesma faixa etária, seja qual for o fator determinante desse atraso. Certamente, a população assim é de uma grande heterogeneidade, não sendo simples encontrar critérios que delimitem com maior precisão. Os primeiros estudos na área surgiram no século XIX, das ciências médicas (neurologia, neurofisiologia e neuropsiquiatria), de modo que conceitos de anormalidade e patologia se transferiram dos hospitais para as escolas.

Com o progresso dos estudos pedagógicos, sociológicos, antropológicos, lingüísticos, entre outros, surgiram inúmeras questões, como as relacionadas à distinção entre normal e patológico, o que obriga a uma maior objetividade no uso de termos. O objetivo deste trabalho é fazer uma ampla abordagem do tema na tentativa de dar conta de importantes interfaces das questões pedagógicas relativas ao desenvolvimento, à família e ao meio social.

Busca-se assim, uma visão integrada e integradora da aprendizagem humana, considerando seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem como as influências do meio social (família, escola e sociedade), determinantes do seu desenvolvimento. Em qualquer sala de aula existem alunos que, por diferentes motivos, não acompanham seus pares, independente do nível de complexidade dos conteúdos ou da metodologia utilizada naquele contexto específico.